Um trânsito baseado em pessoas e não em máquinas

Brenda Parmeggiani | Comunicação Vida Urgente

8 de agosto é dia internacional do pedestre e, para a Fundação Thiago Gonzaga, trata-se de uma oportunidade para convidar toda a sociedade a pensar o trânsito de uma forma diferente: não baseado em carros e outras máquinas, mas baseado em pessoas, em vidas.

“Nós passamos o último século construindo um sistema de transporte baseado em automóveis. Precisamos dedicar o próximo século a construir um sistema de transporte em torno de pessoas. Precisamos pensar nos ciclistas, nos pedestres. Só assim vamos avançar”, conclui Etienne Krug, Diretor do Departamento de Prevenção de Violências, Lesões e Incapacitações da Organização Mundial de Saúde. 

De acordo com o Manual de Segurança de Pedestres da OMS, mais de um quinto das pessoas mortas em acidentes de trânsito a cada ano não estão se deslocando de carro, de moto ou mesmo de bicicleta – elas são pedestres. Isso os torna um dos personagens mais vulneráveis do sistema de mobilidade urbana. E esses números podem ser ainda mais graves, pois, em muitos países, os casos envolvendo pedestres não estão relatados nas estatísticas oficiais. 

Uma forma sustentável e saudável de se deslocar

Caminhar pode tanto ser o único modo de transporte quanto parte do deslocamento – da parada de ônibus até em casa, por exemplo. Além de ser uma das formas mais sustentáveis para o meio ambiente, é também uma solução saudável: pode levar à redução de doenças cardiovasculares e da obesidade. Tanto que muitos países começaram a implementar políticas de incentivo à caminhada como um importante modo de transporte, principalmente para os estudantes.

E o efeito não é apenas para a saúde física, mas também mental da garotada. De acordo com uma pesquisa realizada na Dinamarca com 20 mil crianças e jovens de até 19 anos, aqueles que utilizavam bicicletas ou iam a pé para a escola tinham melhor desempenho e concentração. 

Pedestres e Motoristas: atenção à velocidade

Se o nosso trânsito hoje está mais voltado para os carros, que fatores entram em jogo para uma maior segurança do pedestre? O controle da velocidade certamente é um deles. 

Quanto maior a velocidade, menor o tempo que o motorista tem para frear e evitar o acidente. Levando-se em conta o tempo necessário para um motorista reagir a uma emergência e acionar os freios, um carro a 50 km/h requer, normalmente, 36 metros para parar por completo, enquanto um carro a 40 km/h para a 27 metros. Essa diferença de quase 10 metros pode ser suficiente para salvar uma vida. 

Além disso, a velocidade também influencia na gravidade das lesões: “Já sabemos que velocidade aumenta exponencialmente a possibilidade de morte em caso de acidente. Se atropelado por um automóvel a 32km/h, um pedestre tem 30% de chance de sobreviver ileso”, estima o especialista em trânsito Luiz Gustavo Campos. 

Como já chamamos a atenção aqui no site, para a Fundação, o trânsito é também uma questão de saúde pública. Tanto é assim que a OMS prevê que os custos gerados a partir dos atropelamentos custem entre 1 e 2% do produto nacional bruto de um país, em média. Ainda, a Fundação defende que os pedestres devem ser vistos dentro de seus contextos específicos – de necessidades e capacidades. Segundo levantamento da EPTC, por exemplo, os atropelamentos representam 40% dos acidentes com crianças e adolescentes em Porto Alegre. Além das crianças, idosos e pessoas com necessidades especiais também precisam ter prioridade nas políticas públicas de mobilidade.

5 DICAS VIDA URGENTE PARA MAIOR SEGURANÇA DOS PEDESTRES

1. Bastam alguns segundos para distrair-se digitando no celular. Por isso, deixe o celular de lado quando for atravessar a rua. Um a cada cinco estudantes atravessa a rua distraidamente – a maioria enquanto tecla ou usa fones de ouvido;

2. Sempre atravesse a rua em interseções/esquinas. Cruzar em outro ponto representa mais de 70% das mortes de pedestres no mundo;

3. A maioria das mortes de pedestres no mundo acontece entre 19h e 7h, quando está mais escuro. Se você for pedestre, certifique-se de que os motoristas possam vê-lo: vestir roupas claras e usar materiais reflexivos em mochilas, sapatos e outros acessórios aumentam a visibilidade de quem caminha. Se você for motorista, preste ainda mais atenção nesse horário;

4. Olhe para os lados com atenção antes de atravessar e continue olhando em volta enquanto estiver atravessando a rua. 1 a cada 5 mortes de crianças pedestres acontece mesmo em locais de interseção/esquinas;

5. Atenção para os limites de velocidade! Mais de 80% dos pedestres morrem quando atropelados por veículos a 60km/h ou mais. Esse número cai para 10% quando os veículos estão a 30km/h ou menos. 

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