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10/04/2009
"Educação: este é o caminho!" - Publicado no Jornal Zero Hora

 

O Ministério da Saúde publicou recentemente uma pesquisa onde 1,5% dos brasileiros adultos admitiram ter dirigido pelo menos uma vez, nos últimos 30 dias, após o consumo de bebidas alcoólicas. Muitas pessoas já se apressaram em levantar conclusões do tipo “Já voltou tudo como era antes”, “Lei não adianta”, e etc. Porém, se olharmos com um pouquinho de atenção para a mesma pesquisa, vamos encontrar algo que seria motivo de manchete: “Entre as capitais, Porto Alegre foi a que obteve menor percentual: 0,7%”. Esse índice é a metade do que apresentou a maior parte das cidades e quase 5 vezes menor do que as das capitais de maior índice. Além disso, o mesmo estudo apresenta a evolução dos índices desde 2007 e o índice de Porto Alegre se mantém abaixo da média nacional em todos os períodos. 
 
E se quisermos ir mais além, se em Porto Alegre somos os primeiros (olhando pelo lado positivo) no Espírito Santo, onde iniciamos o trabalho do Programa Vida Urgente em 2007 e já possuímos mais de 2000 voluntários, Vitória aparece em 4º lugar entre as capitais. Será que não seria a hora de olharmos com cuidado os fatores que levam essas cidades a terem índices menores do que as demais? Porto Alegre já aparecia em estudos anteriores dando demonstrações de evolução: como a capital onde os jovens são os mais conscientes; onde os acidentes fatais vêm reduzindo; onde ocorreram reduções significativas nos atendimentos de emergência pela combinação de bebida e direção. Além disso, o Rio grande do Sul também foi o estado onde a lei da alcoolemia zero foi mais rigorosamente cumprida, embora ainda possamos ir além.
 
Alguns dirão que temos o “complexo de Poliana”. Até pode ser, mas não podemos deixar de reconhecer que acreditamos que a mobilização da sociedade e um trabalho permanente e continuo, como o que desenvolvemos, pode sim colher frutos muito positivos. Não podemos deixar de exaltar os avanços contínuos que Porto alegre vem alcançando. Essa é a resposta que damos todas as vezes que nos perguntam sobre os indicadores que utilizamos para medir nosso trabalho e a eficácia do Programa VIDA URGENTE.
 
Os pais, que como eu, têm que aprender a conviver, dia após dia, com a ausência de seus amados filhos e as milhares de pessoas mutiladas pela guerra do trânsito, entendem o quanto são significativas estes avanços que conquistamos na mudança de nossa população, esse indicativo não é desprezível, ele é simbólico e real.
Mudar a cultura de uma sociedade, tão diversificada como a brasileira, é um trabalho de décadas, e poder colher índices de evolução como os apontados em todas as recentes pesquisas relacionadas ao trânsito é algo que devemos comemorar e colocar em CAPAS de jornais, para que possamos ter a ESPERANÇA de que ainda veremos esse quadro efetivamente revertido enquanto vivermos.
 
Para nós, que travamos uma luta incansável há mais de 12 anos, é motivo de orgulho os índices alcançados por Porto Alegre e Vitória, pois temos certeza que entre a combinação de esforços e fatores que levaram a este resultado o VIDA URGENTE tem um lugar de destaque e de protagonismo. Comemoramos, pois temos compromisso com essa mudança, não nos acomodamos, por que nos sentimos responsáveis, e não descansamos, por que temos certeza de que muito há por ser feito, mas estamos renovados, por que sabemos que este é o Caminho.
 
Diza Gonzaga, presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga