Todos os anos entre 18 e 25 de setembro acontece a Semana Nacional de Trânsito. São dias em que dedicamos mais espaço para falar sobre a epidemia motorizada que tira milhares de vidas. Não acredito em campanha pontual em vésperas de feriado. Sempre defendi que o trânsito precisa ser trabalhado ao longo do ano, e não apenas em datas especiais.
Recentemente, foi anunciado que o Denatran passou de departamento a uma secretaria, o que dá ao principal órgão do sistema de trânsito um novo status, e nos enche de esperança de que essa tragédia receba a atenção e o enfrentamento necessários.
A revisão do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito está avançando. A meta é reduzir à metade o número de mortes em dez anos. Estes não são números frios. Cada número tem um rosto, um nome, uma história, sonhos interrompidos por esta doença que nós já temos a vacina: a prevenção através da Educação.
Esses dois movimentos alinham o Brasil à política internacional proposta pela ONU. Entre 2011-2020, vivemos a primeira Década de Ação para a Segurança no Trânsito, que tinha como meta a redução de 50% das mortes. Embora cidades como Porto Alegre tenham atingido a meta, no Brasil a redução foi de 30%. Uma conquista que deve ser comemorada, mas que está longe de nos tirar dos primeiros lugares do ranking dos países mais violentos no trânsito.
Mais de 35 mil brasileiros ainda perdem a vida por ano e outros milhares ficam com sequelas e ferimentos graves. Precisamos, urgentemente, de uma política eficiente, que envolva os governos e, principalmente, a sociedade como um todo, para que tenhamos assegurado o direito de ir e vir.
Recentemente, a Organização das Nações Unidas proclamou a Segunda Década de Ação. E nós, que há mais de duas décadas atuamos em defesa da vida, renovamos a nossa esperança de que estes planos não ficarão apenas no papel e ganharão o coração dos gaúchos e brasileiros.
Para que a próxima década não seja uma década perdida, é fundamental que o trânsito esteja entre as principais pautas da nação. Só assim, será verdadeiramente uma prioridade, e poderemos, quem sabe, celebrar a Semana Nacional do Trânsito de 2030 como a Semana Nacional da VIDA!
Diza Gonzaga
Presidente Voluntária da Fundação Thiago Gonzaga e Diretora Institucional do Detran-RS
