“Que país é este?” – Publicado em Zero Hora

É a pergunta mais ouvida no momento atual. Ela vem de todos os lugares e das mais diversas fontes. A mídia em seu papel, trazendo manchetes sobre a situação constrangedora que vive o Brasil. São bolsões de corrupção em vários recantos. Pessoas que se locupletam através do suborno, da propina, do mau uso das verbas públicas, em proveito próprio. É a insegurança que nos rodeia. É um serial killer de motoristas de táxi. São os assassinatos com requintes de crueldade. Notória é a falta de assistência à saúde, com pessoas morrendo em filas do SUS. Professores que apanham de alunos. É o desrespeito no trânsito ocasionando mortes de inocentes. São os desmatamentos com a consequente destruição da natureza.

Parece haver um componente sadomasoquista nos comentários sobre o momento que vivenciamos. Será que pertencemos a uma nação tão doente, que impede que se encontre uma solução eficaz para melhorá-la? E a grande maioria de pessoas de bem, que procuram viver dentro de valores éticos e morais inatacáveis? Por que a minoria vilã da sociedade é tão comentada com um especial sabor?

Se nos deixarmos envolver pela onda de pessimismo corrente, em nada estaremos contribuindo. Não podemos esquecer as inúmeras ONGs envolvidas em salvar a natureza. Organizações de proteção aos animais. Voluntários que dedicam seu tempo para levar um pouco de satisfação às crianças cancerosas. A Fundação Thiago Gonzaga fazendo um trabalho hercúleo nas campanhas a favor da preservação da vida, evitando os acidentes de trânsito. Na Santa Casa, cadeirantes percorrem os quartos dos pacientes estimulando a doação de sangue junto aos familiares. A televisão nos mostra pessoas de bem que tiram os meninos da rua, levando-os para atividades como bandas, empresas, esportes; conseguindo valorizar quem já não acreditava mais na vida. Inúmeros são os grupos de assistência aos drogados que atuam na tentativa de livrá-los do vício. Programas para a terceira idade que buscam melhorar o envelhecer, que é uma fase da vida que pode ser muito bem vivida, sem deteriorar. A maioria dos políticos e magistrados sérios e éticos, que procuram colocar ordem na casa, em nome de uma maior transparência. Poderíamos preencher várias páginas falando a respeito de outras associações que lutam em nosso país para ajudar os necessitados, não dando esmolas, mas através de estímulo e valorização do ser humano.

Quem sabe, deixamos aos órgãos competentes a solução e a punição necessárias nos problemas éticos e criminais, nos voltando para o que de bom existe em nossa sociedade. Se olharmos por um prisma real, mas mais otimista, talvez possamos vislumbrar um presente e um futuro confortáveis e benéficos para todos.

Contamos com a parte sadia, que é a grande maioria dos brasileiros, para resolver a minoria doente. Pensando e agindo dentro de uma nova perspectiva, poderemos ter uma resposta bem diferente quando nos perguntarem: que país é este?

Este é o nosso país, formado por uma sociedade de pessoas de bem, que amam a sua terra e têm orgulho de serem brasileiros.

Themis Groisman Lopes – Psiquiatra – Publicado dia 17 de maio de 2013

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