Por que tantas pessoas ainda morrem no trânsito?

No mesmo dia em que Porto Alegre registrou o maior número de mortes no trânsito dos últimos sete anos, a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga recebeu em sua sede, no Tecnopuc, uma avó que perdeu sua neta de apenas cinco anos em um atropelamento.

Desde 1996, a Fundação trabalha para preservar vidas no trânsito. Se há um tema que estudamos, discutimos e buscamos soluções diariamente, é este: como garantir que as pessoas saiam e voltem para casa em segurança.

Quando lemos a matéria da GZH sobre o aumento de 18% no número de mortes no trânsito em Porto Alegre — onde 84 pessoas perderam a vida em 2024 —, infelizmente, não ficamos surpresos. Esse aumento não é isolado; ele tem se repetido em várias cidades do Brasil e do mundo. Em eventos nacionais e internacionais dos quais participamos, um ponto é recorrente: o que pode ser feito para mudar essa realidade?

Quem mais morre no trânsito?

No mundo, o trânsito é uma das principais causas de morte entre crianças e jovens de 5 a 14 anos. O Brasil ocupa a vergonhosa posição de quarto país com mais mortes no trânsito. Segundo os dados consolidados de 2021 do Ministério da Saúde, os motociclistas são as maiores vítimas. Dentre eles:

  • 88,1% são homens,
  • 30,9% têm entre 20 e 29 anos, e
  • 64,9% se autodeclaram negros.

Em outras palavras, é a juventude brasileira que está morrendo no trânsito.


Planos para o trânsito no Brasil

Diante dessa situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, em 2011, a Década de Ação pela Segurança no Trânsito. No Brasil, essa iniciativa levou à criação do PNATRANS (Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito), em 2018, que foi revisado em 2023. O plano estabelece a meta de reduzir pela metade o número de mortes no trânsito.

Entendemos que olhar para esses números, ouvir a dor das famílias ou vivenciar pessoalmente a perda de alguém querido pode ser desolador. Mas é importante lembrar que o trânsito é um desafio complexo que pode ser transformado.

O Brasil já tem um plano nacional, com ações detalhadas para reduzir os sinistros de trânsito. Porém, é essencial colocá-lo em prática, partindo de dois pontos fundamentais:

  1. As mortes no trânsito podem ser evitadas.
    Por isso, não falamos em “acidentes de trânsito”, mas sim em sinistros de trânsito. Esses eventos são causados por uma combinação de fatores: comportamento humano, desenho das vias, estrutura dos veículos e sinalização.
    A abordagem do Sistema Seguro nos ensina que seres humanos cometem erros. Nosso papel é criar um sistema que previna sinistros e minimize os impactos quando esses erros ocorrerem.
  2. A velocidade é um dos maiores agravantes dos sinistros de trânsito.
    Entre os cinco principais fatores de risco no trânsito — dirigir sob efeito de álcool, excesso de velocidade, não usar capacete, não usar cinto de segurança e não utilizar cadeirinhas para crianças —, a velocidade é o único que não possui uma legislação robusta para mitigar seus riscos.

Além disso, a velocidade agrava todos os outros fatores. Por exemplo:

Um motorista dirigindo a 60 km/h e mexendo no celular tem 98% de chances de matar uma pessoa em caso de atropelamento. Nesta velocidade, o carro precisa de 36 metros para frear completamente.

Uma redução de apenas 10 km/h — de 60 km/h para 50 km/h — pode ser a diferença entre uma pessoa sair viva ou não de um sinistro.

O que estamos fazendo para mudar?

Com base nessas evidências, a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, em parceria com a União dos Ciclistas do Brasil (UCB) e a Ciclocidade, desenvolveu o projeto de lei 2789/2023. Uma das principais medidas propostas é a readequação das velocidades em áreas urbanas, considerando que, acima de 60 km/h, dentro de uma cidade, a probabilidade de sobrevivência em um sinistro de trânsito diminui drasticamente.

Discutir e implementar ações que reduzam as mortes no trânsito não é apenas necessário, é urgente. Afinal, de que adianta sermos uma cidade referência em inovação se não conseguimos garantir que a nossa juventude volte para casa com vida?

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