A Câmara dos Deputados aprovou na última quarta-feira, 16, um projeto de Lei que permite o parcelamento das multas de trânsito.
Estamos vivendo ainda a “ressaca” da derrota da nossa Seleção neste mundial, onde o grande diferencial de outras Copas do Mundo é de que éramos, depois de mais de meio século, os donos da casa, da grande festa que é um evento como este.
Mas o que a Copa tem a ver com o trânsito? Muito, eu diria. A começar pelo retrocesso que tivemos ao revogar um a Lei que proibia o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios, mesmo que “apenas” naqueles que receberam os jogos.
Sabemos que o álcool, associado à direção, e a velocidade, são os grandes vilões desta guerra que é travada diariamente nas ruas e estradas brasileiras. E dar férias para a Lei abre um perigoso precedente e até mesmo, um mau exemplo para as novas gerações. Passamos a mensagem de que dependendo da situação ou do “patrocinador”, podemos abrir mão de Leis para o famoso “jeitinho brasileiro”.
Por acharmos que sempre podemos levar vantagem, levar a melhor, é que perdemos para a Alemanha com um escore nunca visto em Copas do Mundo. Confesso que futebol não é um assunto que tenho muito conhecimento, mas serve muito bem como exemplo para falar da impunidade e do nosso comportamento no trânsito.
Volto à Câmara dos Deputados, que com a aprovação de uma Lei para o parcelamento de multas, irá beneficiar a quem? O infrator? Ah! Os senhores deputados trazem a questão do desemprego, que será evitado por aqueles que precisam do automóvel como instrumento de trabalho.
Sim, uma justificativa que parece justa e até coerente, se não estivéssemos falando em parcelar uma infração e, indo por este caminho, teríamos que rever inúmeras outras penalidades que são impostas não apenas a quem comete infrações de trânsito.
Convido os leitores para uma reflexão: até quando vamos penalizar o cidadão que cumpre as Leis, paga suas contas em dia e age com civilidade e respeito, privilegiando àqueles quem não o fazem.
O que gostaria, é que esta Copa do Mundo deixasse como maior legado, o legado moral: da educação e do respeito, e que o “jeitinho brasileiro” não resolve. Assim como no trânsito, quando achamos que somos imortais, que só acontece com o outro, e que com “jeitinho” burlamos a Lei, a multa e quem sabe até a morte.
Diza Gonzaga – presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga