Quem passou pela Av. Porto Alegre e viu um grupo de pessoas alegres, limpando, pintando, plantando flores e até varrendo uma praça – num dia em que o sol e o calor pediam sombra e água fresca – talvez não imagine quem eles são…
Pois eu sei…
São pais dos Grupos de Apoio Vida Urgente, que assim como eu, tiveram que enfrentar o que nenhum ser humano deveria ter que viver: a partida de seu filho. Poucas coisas são tão verdadeiras como a união, a solidariedade e a cumplicidade deste grupo.
Pois estes pais colocaram todo o seu amor, para que no último dia 17 de novembro, unindo-se aos esforços globais para reduzir a violência no trânsito, pudéssemos inaugurar um memorial na Praça da Juventude Thiago Gonzaga. Memorial que já conta com trezentos e oitenta nomes e este ano recebeu mais 32, pois para nós as estatísticas têm nome, rosto, sonhos, histórias… Não são números frios.
Estes pais também fazem parte das vítimas da “guerra motorizada” que, para além dos cinquenta mil mortos que estampam as manchetes dos noticiários, deixa outros trezentas e cinquenta mil feridos, como mutilações, incapacitados, com sequelas permanentes, e ainda milhares de famílias enlutadas que são praticamente esquecidas.
Porto Alegre deve se orgulhar de ser a primeira cidade do país a ter um memorial em homenagem aos que tiveram suas vidas interrompidas pela guerra que acontece diariamente nas nossas ruas, avenidas e estradas. Esta guerra que não tem fuzis, não tem canhões nem mísseis, e que não condecora ninguém. Mas que mata mais do qualquer guerra que se tenha notícia e coloca o nosso Brasil entre os 5 países mais violentos e que mais matam no trânsito do mundo.
Precisamos com urgência de políticas públicas sérias e permanentes para estancar esta carnificina que é o trânsito brasileiro. Faço um apelo a todos, à sociedade e principalmente aos governantes: que em virtude do “Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito”, instituído pela ONU como um dia de homenagem a todos aqueles que tiveram suas vidas impactadas pela violência no trânsito, façamos uma reflexão. Só assim vamos garantir o direito de receber nossos filhos de volta.
A Vida não pode esperar!
Diza Gonzaga
Presidente da Fundação Thiago Gonzaga | Vida Urgente