Balada Segura – Publicado no Jornal O Sul

São mais de 25 mil noites para curtir. E dá para viver todas… Mas se beber esqueça o carro, pegue carona com alguém cara limpa, ou siga de táxi…

Não, isto não é um panfleto, um folder dos dias de hoje. Há quinze anos um grupo de jovens cheios de energia e muita vontade de mudar a trágica realidade do nosso trânsito saía às ruas na “Madrugada Viva” primeira ação da Fundação Thiago Gonzaga.

Nas primeiras Madrugadas Vivas, é bem verdade, a maioria dos jovens eram amigos e colegas do meu filho, como a Carine, o Jean, o Lucas, o Marcelo, o Galego, o Robô, e tantos outros. Chegar em bares e danceterias empunhando um bafômetro com uma borboleta no peito era quase uma aventura. Ainda não se falava “se beber, não dirija” e estes jovens eram vistos até com simpatia, mas como sonhadores, utópicos, afinal, “eu até dirijo melhor quando bebo” era a frase que mais escutávamos.

Nestes 15 anos, desde que o Thiago partiu, temos feito muitas Madrugadas Vivas pelo Rio Grande e Brasil afora. Acompanhamos e participamos de muitos avanços, como a Lei Seca, para nós a Lei da VIDA, que não foi um presente dos deputados, e sim uma conquista da sociedade. Lembro quando entregamos ao então ministro Tarso Genro, hoje nosso governador, cerca de 70 mil assinaturas pedindo o fim da venda de bebida alcoólica nas rodovias de nosso País.

Em Porto Alegre e em algumas cidades do Estado a lei que proíbe o consumo de álcool em postos de gasolina e lojas de conveniência, uma iniciativa da Fundação, foi aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores. De lá pra cá muita coisa mudou, Lei Seca, Lei dos “postinhos”… Os números frios das estatísticas, que para nós tem rosto e nome, caíram de sete mortes de jovens a cada final de semana, na Grande Porto Alegre, para dois.

Os fabricantes de bebidas hoje têm a obrigatoriedade de colocar em seus comerciais o “se beber, não dirija” ou o “beba com moderação”, que cá entre nós é uma hipocrisia, afinal o que é e quanto é a tal moderação? Se, além da timidez, perdemos o reflexo, a percepção de distância e o juízo crítico, fundamentais na condução de um veículo. Estudos do Ministério da Saúde indicam que cerca de 70% dos acidentes com mortes ou lesões têm alcoolemia positiva. Não é exagero dizer que a bebida x direção é uma dupla de morte. Mas, apesar de todos os avanços, a carnificina no trânsito continua ceifando a vida de milhares de brasileiros. E aqui no Estado não tem sido diferente. Não temos o que festejar, nossos números ainda são de guerra.

Quando o mundo une esforços com a Década Mundial de Ações pela Segurança no Trânsito, aqui no RS estamos cerrando fileiras junto ao Governo do Estado para que a “balada” seja  “segura” e as nossas madrugadas, cheias de VIDA.

Estamos iniciando uma parceria através do Detran para potencializar nossas ações. Nossos mais de 15 mil voluntários vão estar nas ruas e avenidas do Rio Grande nesta união de esforços, pois quem ganha é a sociedade: eu, você e todos nós.

Continuarei sonhando que um dia nossas madrugadas, manhãs e tardes serão só de VIDA. Mas, enquanto este tempo não chega, convido todos vocês a virem com a gente fazer parte desta cruzada em defesa da VIDA.

Diza Gonzaga – Presidente da Fundação Thiago Moraes Gonzaga

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