Tomo a liberdade de convidar os leitores para visitarem www.vidaurgente.org.br. Que coisa estranha começar uma crônica por um convite como esse. Aqui e acolá, leio e acompanho os dramas vividos diariamente por essa interminável guerra no trânsito. Leio estatísticas. Vidas humanas são muito mais do que isso. Quem de nós já não cruzou com uma borboleta desenhada no asfalto? Porque será que ela é branca? Que lições silenciosas ela tem para nos ensinar, amigo leitor? Quem sabe, ela está nos convidando para compartilhar um pouco mais do que nossa indignação pelas vidas abortadas a todo momento?
Cheguei à Fundação Thiago Gonzaga em 2003. Motivado e apaixonado pela juventude e por ver, diante de mim, um pai que acabara de perder seu filho. Abracei a causa da borboleta como uma segunda pele. Transformei a luta dos meus amigos Diza e Régis Gonzaga em minha luta diária pelo cuidado e valorização da vida.
Pouco a pouco, fui entrando naquela casa da Rua Botafogo em Porto Alegre. Fui descobrindo um espaço de esperança e de amor ao ser humano. Encontrei pais que perderam seus filhos a somarem na luta pela preservação da vida. Eles sabem o valor da palavra saudade. Encontrei jovens, centenas deles, com uma força inquebrantável, indomável. Salvar vidas é uma opção, uma escolha radical. Radical vem de raiz. Qual raiz pode ser mais profunda do que o amor pelo outro? Perder madrugadas em barzinhos, abrir mão de férias, estar nos lugares onde a juventude está pelo amor à vida. Quando vejo aquela gurizada com camiseta da borboleta urgente, concluo que essa humanidade tem saída. Há luz no fim do túnel. Há um tempo gasto de uma forma generosa pelo amor por uma causa. Todos eles sabem que essa gratuidade encontra ressonância em seus projetos vitais a serviço do cuidado. São jovens a encarar a palavra cidadania com uma força cativante. Por isso, por onde andam, são escutados. Arrastam outros jovens a formarem o seu Exército de Sonhos.
Ao entrar nesse site há poucos dias, deparei com uma cena mágica e plena de suavidade. Uma educadora com suas crianças, atravessando a rua sob a bandeira do cuidado e da preservação da vida. Está na hora de darmos voz e vez a quem fala de esperança de uma forma ativa, efetiva e afetiva. A Vida Urgente crê que o único caminho possível é aquele que vem da educação. Sim, já falamos isso quantas vezes? Quem sabe buscamos os parceiros certos para alimentar nossas convicções? A humanidade e sua nova pele exigem compromissos vitais. ONGs que abraçam a esperança num novo tempo deveriam ser visitadas por todos os que têm o poder de intervir e qualificar a cidadania. Agradeço e louvo essa inquietude no olhar de cada jovem voluntário. Lindo é saber que as marcas da história de cada um de nós vão ficando em cada caminho percorrido. Termino recomendando o site www.vidaurgente.org.br.
Sim, vida é tudo!
Carlos Alberto Barcellos – Professor
