“A vida não pode esperar” – Publicado no Jornal O Sul e Correio do Povo

Temos acompanhado e participado nestes últimos 10 anos dos avanços da legislação brasileira nas questões relacionadas à segurança no trânsito. Quando iniciamos nossa caminhada, em 1996, nossa primeira ação foi encaminhar ao, na época, Ministro da Justiça Nelson Jobim, um abaixo-assinado com mais de 30.000 assinaturas (incluindo a do então Prefeito Olívio Dutra e do Governador, à época, Antônio Brito), pedindo a aprovação do “Novo Código de Trânsito”, que “dormia” no Senado há alguns anos. Junto com este, pedíamos a proibição de comerciais que induzissem à velocidade de carros nacionais e importados.

Logo depois, em 1998, assistimos a “revolução” da obrigatoriedade do uso do cinto de segurança. Infelizmente a revolução só se deu para passageiros do banco da frente dos automóveis, ainda hoje, precisamos estender para todos os ocupantes de veículos, inclusive vans, ônibus, etc. Mais recentemente, a chamada “Lei Seca”, que proíbe a mistura letal de bebida e direção – e que nós chamamos de “Lei da VIDA” – já nos primeiros 30 dias de sua implantação salvou milhares de pessoas por este país afora e reduziu os percentuais nos Pronto-Socorros em 30% a 40%. 

Mas é preciso mais, é preciso que a sociedade seja a guardiã e exerça seu papel de fiscalização no cuidado dos seus amigos, filhos e de seus amores. Não podemos esperar só dos governos, a grande revolução está na mudança de atitude, pois para nós, da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, trânsito é mais que um problema de Secretarias de Transporte e Segurança, é uma questão de educação e de mudança de cultura.

E agora, acompanhamos pelos jornais que a “cadeirinha”, o equipamento de segurança que salva quase 80% das crianças, vai finalmente ser certificado pelo INMETRO. É uma pena que esta notícia, da entrada em vigor da certificação, venha acompanhada da de que os lojistas tiveram 10 meses para zerar o estoque das cadeirinhas sem esta certificação, ou seja, cadeirinhas que não tem segurança estão circulando nos carros e muitos pais desconhecem o risco a que seus filhos estão expostos.

Diariamente, recebemos em nossa sede em Porto Alegre e no Espaço Vida Urgente, em Vitória – Espírito Santo, centenas de crianças levadas pelas escolas, que participam do Projeto “Contadores de Histórias”. São mais de 15 mil crianças de 2 a 6 anos todo ano, que nos enchem de alegria e renovam a energia de nosso trabalho. No ano de 2008, em uma parceira com a Chevrolet, conseguimos que no mês da criança (outubro), as concessionárias da rede presenteassem os pais com a “cadeirinha” na compra de um carro.

Será que podemos esperar até 2010 para fazer valer a lei que obriga o uso deste equipamento? Pois bem senhores pais, avós e legisladores, este deveria ser um item obrigatório “JÁ”, e se a lei da prazo até 2010 para sua implantação, façamos esta lei valer desde hoje. Afinal, com a VIDA de nossas crianças, todo cuidado é pouco, pois a VIDA não pode esperar.

Diza Gonzaga, presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga

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